Eu tinha dito em outras resenhas sobre meus filmes americanos preferidos, Loving e Docinho da América, mas eu não tinha ainda visto Moonlight.
Tudo mudou.
Nenhum, repito, nenhum filme que vi ultimamente é tão bom quanto Moonlight, talvez apenas A Criada.
Que roteiro, que direção, que elenco, que trilha, que direção (de novo).
Moonlight conta a história de crescimento, descoberta e amadurecimento de Chiron, um menino negro que vive no subúrbio bem punk de Miami e nas mãos de um diretor como Barry Jenkins, ainda em seu segundo filme, tem ares épicos.
O filme é foda.
Moonlight é mais um indie muito bem escrito e muitíssimo bem filmado.
Tenho uma teoria de que se o filme não tem muito dinheiro e tem um diretor em princípio esforçado, ele vai ensaiar, pensar nas cenas, decupar, repensar em tudo e então vai fazer da melhor forma possível. Barry Jenkins não é um diretor apenas esforçado, mas folgo em dizer que é provavelmente o diretor mais talentoso que vi nos últimos anos. Cada sequência do filme é extremamente bem pensada, cada cenas é bem ensaiada e coreografada e muito bem fotografada.
A câmera do filme é um personagem de Moonlight, sempre presente e um artifício muito importante pra contar a história bem de perto e a luz do filme é um absurdo de linda. Tudo isso graças ao brilhante James Laxton que aliás, se tivesse fotografado La La Land, o filme seria outra coisa, porque o que ele fez aqui em Moonlight é o que deveria ter sido feito com as luzes que tanto incomodam no musical.
Moonlight é sim um filme gay, com negro pobre, com traficante, com viciados em cracks e é o filme mais lindo, sutil e delicado possível. A beleza de Moonlight é uma contradição em termos: o sexo é lindo, o traficante fodão é o cara que ajuda o menino, a mãe carinhosa e protetora é uma junkie viciada em crack, o namoradinho de adolescência é o cara que quase acaba com a sua vida, quem cuida do menino é a mulher do vilão, tudo errado, tudo ao contrário e tudo do jeito que tem que ser, infelizmente, pra história toda fazer sentido.
Moonlight mostra Chiron em 3 fases, que são 3 fases do filme, como pré adolescente, adolescente e adulto. O filme mostra a vida do Moleque que piora quando deveria melhorar, se a vida fosse justa. Ou na verdade mostra a vida como ela é e como a gente se fode mas vive.
Detalhe 1: a mulher do traficante que é ótima é bem vivida pela Janelle Monae, que tá surpreendendo no segundo filme na semana. MAs quem rouba a cena como uma provável indicada a melhor coadjuvante no Oscar é a inglesa Naomie Harris, a mãe viciada em crack.
Detahes 2: uma parte linda do filme tem como trilha o meu (não), o seu, o nosso Caetano Veloso e sua versão de” Cucurrucucu Paloma” que já esteve em Fale Com Ela do Almodovar.
Moonlight ganhou o prêmio de Melhor Filme no Globo de Ouro e é um dos grandes concorrentes do Oscar esse ano (e meu favorito).
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