199/2019 O BAR DA LUVA DOURADA

Amigxs, apresento-lhes um dos melhores filmes do ano, um filme extremo, amoral, absurdo, o alemão O Bar da Luva Dourada (e quando falo extremo e amoral é nível Saló do Pasolini).

O filme conta a infame história de Fritz Honka, o mais famoso serial killer alemão que deixou seu legado de sangue entre 1970 e 1974 em Hamburgo.

Honka era um cara jovem, muito, mas muito feio que por isso afastava toda mulher de quem tentava se aproximar.

Todo torto, com um nariz gigantesco (e também torto), alcoólatra, passava as noites bebendo schnapps no bar do título, em meio ao bairro da luz vermelha da cidade, perto de sua casa, junto com outros degredados, alcoólatras, prostitutas velhas, a escória da sociedade.

Honka bebia e bebia, levava essas putas pra sua casa quando ao final da madrugada ninguém aguentava mais parar em pé e quando essas mulheres só queriam mais bebida e um lugar quente para descansarem.

Ele as embebedava mais, começava a bater muito nelas, tentava transar e não conseguia (pra piorar ainda mais sua situação era impotente) e aí começava o horror.

Honka viveu por anos matando essas mulheres com requintes de crueldade. Ao final ele as esquartejava e guardava ou escondia suas partes em seu próprio apartamento.

Esse era o nível deste ser: violência, violência sexual, desprezo, descaso, tudo era normal pra ele.

Para contar essa história horrorosa o diretor Fatih Akin usou a forma mais radical e extrema possível: ele criou o universo onde o serial killer viveu a partir da referência do próprio Honka.

Sua casa, o bar, as ruas, o lugar onde trabalhava, as pessoas que o circundavam no filme, tudo criado para pertencerem ao universo dessa pessoa, tudo pós-caricato, tudo em exagero, tudo super real visto através de uma lente de aumento muito exagerado.

O Bar da Luva Dourada nos faz entrar na cabeça de Honka por 2 horas intermináveis (para o bem e para o mal).

Assistir o filme em tela grande então, fez com que eu me contorcesse na poltrona como há muito não acontecia comigo.

A fotografia é ótima, os closes, os enquadramentos, tudo milimetricamente pensado para que não haja uma cena, uma sequência do filme que não nos incomode profundamente.

Jonas Dassler, o ator que vive Honka é o grande achado do filme. O cara some atrás da maquiagem mas a “fisicalidade” dele é inacreditável.

Depois de alguns filme bons mas nenhum super memorável, Akin nos mostra a que veio e nos mostra que é primoroso em lidar com personagens profundos, cheios de camadas e de “surpresas”.

Surpresas porque nada na história de Honka (pelo menos a contada nesse filme) é previsível.

Diferente dos filmes de Charles Manson e de Ted Bundy que saíram esse ano onde os diretores dizem que não tentam (mas conseguem) romantizar suas histórias, neste filme o diretor Akin, através da maquiagem, da direção de arte, da fotografia, da criação deste universo tão peculiar criado em O Bar da Luva Dourada, tenta romantizar sim a vida de Honka.

Mas o que ele consegue é exatamente o contrário, com esse filme temos certeza que Fritz Honka foi uma das pessoas mais nojentas e mais desprezíveis, amorais, que já pisaram na face… pelo menos de Hamburgo na Alemanha.

Filme obrigatório.

NOTA: 🎬🎬🎬🎬🎬

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