30/2019 CLIMAX

Climax, o novo filme do enfant terrible do cinema francês, Gaspar Noé, é a prova cabal de que o marketing das distribuidoras de filme são muito mais criativos até do que o próprio diretor, que nesse caso, é o mestre em inventar.

Climax parece o filme Fame, dirigido por um diretor de terror de quinta com uma steadycam na mão e muito crack na cabeça.

Climax se passa em uma academia de dança em Paris no último ensaio de uma nova performance do grupo mais heterogêneo possível.

Eles são jovens, lindos, dançam muito e quando terminam o ensaio geral, resolvem se divertir numa festinha ali mesmo.

Essa é a primeira parte de Climax, muito bem ensaiada, muito bem dirigida e muito bem fotografada e filmada, com longos planos sequência, cheia de maneirismos, onde o diretor Noé faz questão de se mostrar até não poder mais.

Até aí tudo bem, a gente conhece o cara, é o tipo de diretor que quer aparecer mais que o filme.

Só que em Climax, a parada descambou.

Essa primeira parte do filme é linda e tal mas quando termina, entram os créditos do filme naqueles letreiros gigantes que Noé sempre coloca em seus filmes.

Daí eu me perguntei: créditos com 1 hora de filme? Será que já terminou?

Não terminou não, ao fim dos créditos continua. Mas o filme é do Noé, ele coloca os créditos onde ele quiser, certo?

Se esse fosse o problema do filme tava tudo certo, mas na segunda parte do filem tem uma bad trip total do grupo porque algum bailarino resolve colocar LSD na bebida da festa e não avisa ninguém.

Algumas pessoas não estão bebendo, por um ou outro motivo, e lá na frente vão ser acusadas de terem “envenenado” todo mundo, porque quem bebeu, pirou e o filme que era uma pequena ode à música e à dança, se transforma num pandemônio digno de, hmm, pseudo terror francês pretensioso.

Voltemos aos marketeiros: Climax tem sido vendido como um filme de terror, com cenas fortíssimos onde espectadores deixaram as sessões vomitando.

Eu acredito que muita gente tenha deixado as sessões porque o filme vira uma porcaria sem tamanho.

Noé continua com seus planos longos sem corte, com a câmera virando de ponta cabeça, com gente desesperada porque tomou LSD, jovens, gente que antes estava fumando maconha e cheirando cocaína no ensaio e pirou com LSD?

O filme tem esse problema filosófico: ninguém sai enforcando as pessoas, estuprando, se cortando porque tomou LSD. Ele errou na droga feio. E faz querer que a gente acredite nessa bobagem.

Só lembrando que LSD é a droga da viagem, da alucinação boa, das cores, da psicodelia, dos elefantes rosa voando na nossa frente.

Resumindo a parada toda, o filme poderia ter sido fodão se seguisse a primeira metade e não tentasse forçar tanto a barra que foi a segunda. Mas pra isso o Noé teria que perder um tempo bem maior com o roteiro, o que nunca foi o seu forte.

Mas verdade seja dita: a trilha sonora é maravilhosa.

E como dizem os italianos: meno forma, piú anima, menos forma e mais alma, que é exatamente o que falta a Climax.

NOTA: 🎬🎬1/2

4 pensamentos sobre “30/2019 CLIMAX

  1. Pingback: 182/2022 VORTEX

Deixe um comentário