21/365 GOD’S OWN COUNTRY

Dizer que God’s Own Country é o Brokeback Mountain inglês é reduzir um grande filme a uma referência óbvia e rápida.

God’s Own Country, que eu traduziria como “Mundão de Deus”, uma coisa bem caipira mesmo, é um filme bem caipira inglês que se passa basicamente em um sítio onde Johnny, seu pai quase inválido e sua avó vivem quase como estranhos, trocando não mais que as mesmas 3 ou 4 frases todos os dias: “vc deu comida pras vacas?”, “já prendeu as ovelhas?”, “vai sair?”.

Por essas e outras Johnny tem esse mesmo tipo de comportamento quando faz sexo com outros caras que vai encontrando pelo caminho.

God’s Own Country vem sendo considerado “a resposta sexual” a Me Chame Pelo Seu Nome. Toda a crítica ao filme italiano sobre falta de cenas de sexo é compensada aqui neste: diferente de Me Chame Pelo Seu Nome, God’s Own Country tem muita cena de sexo.

Inclusive nu frontal dos dois personagens principais, coisa impensável no filme italiano.

Mas cenas de sexo neste filme são absolutamente cruciais e necessárias porque contam a história de Johnny, enquanto que entendemos a história de Elio e sua evolução de outras formas.

 

A primeira vez que vemos uma, Johnny “pega” um cara depois de um leilão de gado e eles transam no banheiro do restaurante, com Johnny fazendo o sexo automático tão típico de gay que não se importa com mais nada. O cara tenta beijá-lo e ele vira o rosto; o cara tenta convidá-lo pra alguma coisa depois e ele ri e sai fora como se aquilo fosse a coisa mais absurda que poderia acontecer.

Logo chega Gheorge, um romeno, para trabalhar no sítio por alguns dias em troca de ficar por lá sem pagar.

Claro que Johnny faz seu tipo indiferente e distante e superior chamando o visitante de cigano, o que o irrita profundamente.

Até o momento que eles precisam passar a noite juntos no topo do monte para cuidar das ovelhas que por lá ficam e eles acabam ficando juntos e a comparação com Brokeback Mountain começa e termina ali.

Quando Johnny fica com Gheorghe pela primeira vez, é muito violento, até porque ele talvez não saiba que o sexo possa estar ligado a outros sentimentos.

Eles se pegam, se sujam, se agarram.

E das próximas vezes, aos poucos, Gheorghe vai mostrando a Johnny que eles podem se beijar, podem se tocar, podem trocar carícias, que não há problemas em um gostar de ficar com o outro.

Ou melhor, que um não precisa só ficar com o outro pra fazer sexo.

E essa é provavelmente a grande história do filme.

O que acontece daqui para frente é um pouco de felicidade misturada a um monte de falta dela, mostrando que não só de boa vontade vive uma história de amor.

Os detalhes de roteiro onde vemos as reações do pai e da avó de Johnny ao que ele está passando são ótimos.

Os 3 continuam só co habitando a mesma casa mas vemos o quanto cada um sabe muito da vida do outro e como isso influencia em cada uma das vidas daqueles 3 seres que por acaso são parentes muito próximos.

E a história vai ficando melhor quando descobrimos onde está a mãe de Johnny e outros detalhes que podem parecer bestas mas que ajudam muito contando essa história tão simples e profunda ao mesmo tempo.

GOC é o primeiro filme escrito e dirigido pelo ator Francis Lee, que nasceu e cresceu no mesmo meio do nada onde o filme se passa e por isso conta tão bem a história de alguém que por lá vive.

Só torço pelo próximo filme do cara, porque ele começou muito, muito bem.

NOTA 🎬🎬🎬🎬 1/2

(opção para assistir o filme)